Marte entra em Capricórnio

 

No dia 04 de Janeiro 2021, o Planeta Marte adentra o signo de Capricórnio, iniciando um ciclo de estímulo da força, da coragem e da capacidade combativa.



O planeta Marte está simbolicamente associado ao deus grego Ares, o senhor da guerra, o mais violento e combativo dos imortais do Olimpo. Marte era acompanhado por um séquito de divindades guerreiras e seu único prazer eram as batalhas, quaisquer que fossem elas. Era chamado de gradivus, que significa “aquele que marcha a passos largos” e de enyalios, que significa “o belicoso”.
Astrologicamente, Marte representa a capacidade combativa do ser humano, sua disposição de luta, seu ânimo guerreiro, o impulso emocional. A afirmação da individualidade e da identidade.
A passagem de Marte em Capricórnio, signo da integralidade, do aperfeiçoamento e da realização, é um convite do Cosmos ao resgate do guerreiro realizador em nós, ativando-o com força total.

Hora, portanto, de dar um chega pra lá na preguiça, na acomodação, no conforto, em tudo, enfim, que nos paralisa e impede de avançar. Especialmente o medo.

Vamos ativar o guerreiro estratégico, frio e calculista, focado e eficaz, que nos conduzirá, a passos largos, na direção da vitória.
Lembre-se sempre de que viver é lutar. Descendo à arena e enfrentando os desafios, damos o pontapé inicial, desencadeando os processos que permitirão construir o que queremos. Mas é preciso vencer a inércia inicial, que nos enche de medo e nos prostra. Se optamos por ir à luta, a coragem se redobra e se retroalimenta; se, por outro lado, fugimos do combate, cada vez mais somos tomados pelo pânico, cada vez mais nos imobilizamos e prostramos, tornando-nos vulneráveis aos combates que a vida nos impõe.
Capricórnio é o signo de exaltação de Marte, ou seja, onde ele alcança suas maiores potencialidades. Portanto, é hora de vencer o medo e agir.
Se você teme o desafio, acabará se escondendo por trás de uma camada de falsa segurança, que só irá adiar a batalha.

Marte permanecerá transitando em Capricórnio até o dia 13 de Fevereiro de 2024, quando ingressará no signo de Aquário.

Lembre-se do que disse o grande escritor Guimarães Rosa, na voz do personagem Riobaldo, um misto de jagunço e filósofo, no magnífico romance Grande Sertão: Veredas: “Viver é muito perigoso!” Viver, portanto, é constantemente arriscar-se e o risco faz parte do jogo da vida.

Ao transitar em Capricórnio, Marte vem nos lembrar disso.

Para concluir, o conceito alardeado por Kung Fu Tse (o Confúcio) e apropriado por Leonardo da Vinci:
O maior guerreiro é aquele que vence a si mesmo.”
Sobretudo, completamos, aquele que vence o próprio medo.


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Chiron – Tema potente para cura

 



Quíron é um asteroide que zanzava erraticamente entre Saturno e Urano e recebeu o nome do centauro mitológico conhecido como o 'Curador Ferido' que facilitou a cura, a educação e a compreensão filosófica. Ele se relaciona mais comumente com o signo de Virgem (embora haja controvérsia sobre essa regência, apesar das ligações entre saúde, cura e serviço).

Ele era uma figura imortal sábia nascida de uma criança indesejada – meio cavalo, meio homem, que ao contrário de outros centauros, era civilizado – abraçando partes superiores da humanidade sobre impulsos básicos em busca de redenção. Ele poderia ensinar e ajudar os outros no crescimento de suas habilidades e habilidades, no entanto, ele nunca poderia ajudar a si mesmo e sua lesão fatal, portanto, ao longo de sua vida, ele resistiu a uma dor insuportável.

No Mapa de Nascimento: Observar o signo em que Quíron está com a posição da Casa e, mais importante, se houver aspectos fortes com os principais planetas indicando um tema quirônico - iluminará o caminho da cura e da integração. Que direção seguir – o que precisa ser liberado – o condicionamento em torno dessas reações e potencialmente o perdão e a aceitação da humanidade do outro enquanto trabalhamos para nos tornarmos inteiros.

Quíron em nosso mapa (que todo ser humano possui em algum lugar), representa a base da feridaA parte de nós que sofreu mais ferimentos; o fragmento mais delicado, sensível e muitas vezes supercompensado. A personalidade muitas vezes ofuscará essa ferida inata de qualquer maneira possível. Um foco na ferida é muitas vezes mais doloroso e destrutivo do que quase qualquer outra coisa (para o indivíduo).

Embora com consciência e testemunhando a cura latente e o potencial de crescimento através do enfrentamento de nossas feridas, o caminho quirônico é uma redenção, compaixão, humildade e integração.

Trânsito: Quíron também está sempre visitando alguma parte de nosso mapa em trânsito – e onde quer que ele fique, trará uma maneira alternativa de olhar para uma situação além de um tempo para integrar um novo tema ou perspectiva. Iluminando aspectos menos conscientes do eu – especialmente no que diz respeito ao que desencadeia as emoções e a dor mais fortes para liberar o domínio do agressor.

O trânsito de Quíron em aspecto com Marte geralmente catalisa, ou pelo menos acelera o processo, de ter que lidar com aspectos mais bloqueados/irritados/frustrados da expressão de energia dentro do eu. Esse processo pode ser facilitado de várias maneiras, sendo comumente por meio de circunstâncias de vida que desencadeiam esses sentimentos internamente ou pela atração de parceiros/outros com esse aspecto. A extensão do processo sentido dependerá em grande parte de como Marte e Quíron são representados no mapa natal, além do nível de integração desses aspectos da personalidade.

Marte-Quíron é frequentemente associado a personalidades muito difíceis, ou no outro extremo do espectro – aqueles com crises de depressão mais consistentes ou recorrentes (aqueles que internalizam esses bloqueios e frustração), e entre as duas outras manifestações de uma força vital amortecida ou bloqueada são exemplos de indivíduos que incorporam um Marte-Quíron inexplorado.

Imenso potencial de crescimento por meio de lidar diretamente com irritações e bloqueios está sendo ativado, assim como a capacidade de cultivar e canalizar aspectos superiores ou mais evoluídos de Marte.

Encontro com aqueles com falta de afirmação de vontade confortável e confiante e, portanto, a supercompensação (por exemplo, bullying), ou vítimas de, são outros exemplos de Marte e Quíron, dependendo do aspecto. Este é um Marte que se sente ameaçado e não está ciente de seu próprio poder ou canalização saudável de agressão. Uma vez que a integração tenha ocorrido, um processo muito gradual ao longo do tempo, uma extensa disciplina de impulso e raiva, que foi redirecionada para a cura e a consciência profunda, pode ajudar os outros a superar sua própria frustração e bloqueios. Além disso, uma crescente compreensão da Lei do Karma – através do pensamento e da ação, mais especificamente relacionada aos desejos/desejos e ações, está sendo ensinada, ou pelo menos há uma luz sendo brilhada para ser vista mais diretamente.

A recepção daquilo que é proporcional ao que está acontecendo dentro do eu.

 

O que é o perdão?

O perdão reconhece que o que pensaste que teu irmão fez a ti não ocorreu. Ele não perdoa tornando-os reais. Ele vê que não há pecado. E, nesse modo de ver, todos os teus pecados são perdoados. O que é o pecado, senão uma idéia falsa sobre o Filho de Deus? O perdão simplesmente vê a sua falsidade e, portanto, a abandona. A Vontade de Deus passa, então, a ser livre para ocupar agora o espaço que lhe é devido.

Um pensamento que não perdoa é um pensamento que faz um julgamento que ele não questionará, embora não seja verdadeiro. A mente está fechada e não será liberada. O pensamento protege a projeção, apertando as suas correntes de modo que as distorções se tornem mais veladas e mais obscuras; menos acessíveis à dúvida e mais afastadas da razão. O que poderia se interpor entre uma projeção fixa e o objetivo que ela escolheu como sua meta?

Um pensamento que não perdoa faz muitas coisas. Persegue sua meta ativa e freneticamente, distorcendo e derrubando o que vê como interferências no atalho que escolheu. A deturpação é o seu propósito, assim como o meio pelo qual quer realizá-lo. Ele se lança nas suas tentativas furiosas de esmagar a realidade, sem se preocupar com o que quer que seja que aparentemente contradiga o seu ponto de vista.

O perdão, por sua vez, é quieto e na quietude nada faz. Não ofende nenhum aspecto da realidade, nem busca distorcê-la para encaixá-la em aparências que lhe agradam. Apenas olha e espera e não julga. Aquele que não quer perdoar tem que julgar, pois tem que justificar o seu fracasso em perdoar. Mas aquele que quer perdoar a si mesmo tem que aprender a dar boas-vindas à verdade exatamente como ela é.

Assim sendo, não faças nada e deixa o perdão te mostrar o que fazer através Daquele Que é o teu Guia, teu Salvador e Protetor, forte em esperança e certo do teu êxito final. Ele já te perdoou, pois essa é a Sua função, dada por Deus. Agora é preciso que compartilhes a Sua função e perdoes aqueles que Ele salvou, cuja impecabilidade Ele vê e a quem honra como o Filho de Deus.


Um Curso em Milagres, Livro de Exercícios, Parte II

COMO DESENVOLVER A ATENÇÃO QUE CURA

Sente-se confortável e tranquilamente. Deixe o seu corpo repousar comodamente. Respire com suavidade. Desapegue-se de seus pensamentos do passado e do futuro, das lembranças e projetos. Esteja apenas presente. Comece a deixar que seu corpo precioso revele os lugares que mais precisam de cura. Deixe que as dores físicas, as tensões, as doenças ou as feridas se mostrem. Dedique uma atenção cuidadosa e bondosa a estes lugares doloridos. Com vagar e cuidado, sinta a energia física desses lugares. Note o que está encerrado dentro deles, as pulsações, o tremor, a tensão, as agulhadas, o calor, a contração, a aflição, que formam aquilo que chamamos “dor”. Deixe que tudo isso seja sentido plenamente, sena envolvido em uma atenção receptiva e bondosa. Então conscientize-se da área que circunda o seu corpo. Se houver contração e contenção, observe-as com ternura. Respire suavemente e deixe que elas se abram. Em seguida, do mesmo modo, conscientize-se de quaisquer aversões ou resistências que existam em sua mente. Observe-as também, com uma atenção suave, sem resistir, deixando que elas sejam como são, deixando que se abram a seu próprio tempo. Agora, observe os pensamentos e medos que acompanham a dor que você está pesquisando: “Isso nunca passará”, “Não posso suportar isso”, “Não mereço isso”, “É difícil (problemático, profundo) demais”, etc.

Deixe que esses pensamentos repousem nessa atenção bondosa por algum tempo. E, suavemente, faça-os retornar ao seu corpo físico. Agora deixe que a sua percepção consciente se aprofunde e torne possível mais coisas. Novamente sinta as camadas do local da dor e deixe que cada camada que vai se abrindo circule, para se intensificar ou se dissolver a seu tempo. Transponha sua atenção para a dor, como se você estivesse ninando gentilmente uma criança, envolvendo-a numa atenção amorosa e calmante. Respire suavemente dentro dela, aceitando tudo o que está presente com uma bondade curadora. Continue essa meditação até se sentir intimamente religado com qualquer parte do seu corpo que o chame, até se sentir em paz.

À medida que a sua atenção curadora se desenvolve, você pode dirigi-la regularmente a áreas significativas de doença ou dor no seu corpo. Você poderá então examinar atentamente o seu corpo em busca de áreas adicionais que requeiram sua atenção cuidadosa. Do mesmo modo, você poderá dirigir uma atenção curadora às profundas feridas emocionais que está carregando. A mágoa, a ansiedade, a raiva, a solidão e o sofrimento podem ser sentidos, em primeiro lugar, no seu corpo.

Com uma atenção cuidadosa e bondosa, você poderá alimentar um sentimento profundo dentro dessas feridas. Permaneça ao lado delas. Depois de algum tempo, respire suavemente e abra sua atenção para cada uma das camadas de contração, emoções e pensamentos que vêm carregados com elas. Finalmente, deixe que também esses repousem, como se estivesse suavemente confortando uma criança, aceitando tudo o que está presente, até se sentir em paz. Você pode trabalhar com o coração, desse modo, com a frequência que desejar. Lembre-se de que a cura do nosso corpo e do nosso coração está sempre presente. Ela apenas espera a nossa atenção compassiva.


(UM CAMINHO COM O CORAÇÃO/Jack Kornfield)

"A configuração de Quíron quase sempre descreve um conjunto de acontecimentos, padrões e circunstâncias que se repetem, a despeito dos esforços despendidos para modificar o curso desses eventos. Entretanto, podem ser elaborados e, quando verdadeiramente aceitos com compaixão, algumas vezes curados.
Fazer para outros - com freqüência Quíron simboliza coisas que podemos realizar para outros, mas que somos incapazes de fazer para nós próprios”.
(Melanie Reinhart)

O centauro Quíron

Quíron foi uma das figuras mais nobres e inteligentes da mitologia. Em sua origem, Quíron era um deus da medicina na mitologia tessaliana, mas se tornou um centauro imortal na mitologia grega, que tinha maior aceitação. Apesar de os centauros geralmente serem selvagens e indomáveis, Quíron era exceção. Destacou-se por sua inteligência e seu conhecimento de medicina foi legendário.
Quíron nasceu da união do deus Saturno e da ninfa Phylira. Sua dupla natureza, metade homem, metade cavalo, se explicava pelo fato de seu pai ter assumido a forma de um cavalo para conquistar Phylira. Rejeitado pela mãe foi levado ao Olimpo para ser ensinado pelos deuses. Tornou-se um sábio nas artes de guerra, da música, da terra, da astrologia, da cura e da medicina. Por sua extrema sabedoria, ganhou o dom da imortalidade e ficou conhecido como deus da cura. Ele ensinou heróis como Aquiles, Jasão, Hércules entre muitos outros.
Certa vez, ao acompanhar Hércules, entrou em um confronto com outros centauros. Hércules ,que havia matado a Hidra de Lerna, lança uma flecha contendo o sangue da Hydra em direção ao rei dos centauros. Ao perceber isso, o rei desvia e a flecha atinge a coxa de Quíron. A imortalidade impediu que ele morresse com o veneno da Hydra de Lerna. No entanto, o veneno era tão forte que abriu-lhe uma ferida incurável e de insuportável dor. Nem mesmo sua sabedoria foi capaz de curá-lo, ficou conhecido como o Curador Ferido. Em uma atitude nobre, pede a Zeus que lhe tire a imortalidade e a transfira a Prometeu (que estava sendo castigado por ter roubado o fogo dos deuses) para que possa morrer e acabar de vez com a dor de sua ferida. Por tal atitude, Zeus o imortaliza na constelação de Sagitário.
[Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre]
Quiron foi descoberto em 1977 por Charles Kowal no Observatório Monte Palomar (Califórnia-EUA). Era muito pequeno para ser chamado de planeta, mas muito grande para ser chamado de cometa; assim, foi categorizado entre os asteróides. [Leva entre 50 e 51 anos até concluir sua revolução em torno do Sol. Devido a sua órbita extremamente elíptica, o tempo que passa num signo varia muito. Por exemplo, encontra-se no signo de Libra durante um ano e meio, enquanto passa mais de oito anos no de Áries. Uns astrólogos relacionam-no com o signo de Virgem, enquanto outros o ligam ao signo de Sagitário.] Em relação ao mito (Quiron – o curandeiro ferido da mitologia grega), o simbolismo de “ferida” veio vincular-se a Quiron. De acordo com essa visão, onde Quiron está em um mapa astral é o lugar que requer cura. Por exemplo, uma conjunção Vênus-Quiron indica que os aspectos venusianos de uma pessoa (como sentimentos, sexualidade) precisam de cura. Outro elemento de simbolismo foi sugerido pelo fato de que a trajetória de Quiron se move dentro e fora da órbita de Saturno. Isso pode apresentar Quiron como uma ponte entre os sete planetas tradicionais (Sol, Lua, Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno) e os planetas transaturninos (Urano, Netuno e Plutão). Nessa perspectiva, esses três planetas representam fatores de esclarecimento e consciência transpessoal; os sete planetas tradicionais representam a personalidade; Quiron se torna um iniciador através do qual alguém aprende a usar energias relacionadas à consciência mais alta e à universalização (CANOPUS, 1994)


Na mitologia grega, Quíron era um centauro, metade homem-metade cavalo, filho da união entre o deus grego Cronos (Saturno), que tomou a forma de um cavalo, e uma mortal, a ninfa do mar Filira. Era neto de Urano (Céu) e Gaia (Terra), meio-irmão de Zeus (Júpiter). Rejeitado pela mãe, horrorizada com sua aparência, abandonado pelo pai, a rejeição parental foi sua 1ª ferida.

Foi acolhido e educado por Apolo (Sol) e Artemis (Lua) e recebeu deles os ensinamentos que o tornaram um grande sábio; estudou uma ampla variedade de assuntos desde artes, música, poesia, filosofia, lógica, ciência, ética, artes marciais, artes divinatórias e profecias, incluindo Astrologia.Seu lado animal deu-lhe sabedoria terrena e proximidade com a natureza, conhecendo as propriedades medicinais das ervas, ele praticava a cura e a naturopatia. Sua fama como sábio espalhou-se e tornou-se um mestre e educador para muitos filhos de deuses e mortais, iniciou terapeutas, músicos, magos e guerreiros, incluindo Orfeu, Asclépios, Hércules, Jasão, Aquiles. Acidentalmente ferido na coxa, por Hércules, um de seus alunos, com uma seta envenenada com o sangue da tenebrosa Hidra de Lerna; o veneno era tão potente que fez uma ferida incurável, até mesmo para a medicina de Quíron. Não morreu por ser um imortal, mas sofreu terrivelmente, até que através de um pacto com o titã Prometeu (que havia sido castigado por Zeus por ter roubado o fogo dos deuses e entregue aos homens e estava acorrentado a uma montanha, bicado eternamente no fígado por abutres) Quíron renunciou à sua imortalidade, tomando o lugar de Prometeu e descendo ao Hades e assim ambos libertaram-se de seus sofrimentos.

Quíron foi tirado de lá e então transformado por Zeus na constelação do Centauro, em reconhecimento às suas muitas realizações positivas e, para desta posição elevada poder ser uma inspiração visível para toda a humanidade.

Astrologicamente Quíron está relacionado ao tema da dor e da cura.No nosso Mapa Astrológico, representa aquela parte em nós que necessita de cura. Nossas feridas psicológicas mais profundas, que recebemos nas primeiras fases da vida, conflitos e problemas que exigem solução, com origem na infância ou que são inconscientes, mostrando área em que somos vulneráveis. A configuração de Quíron quase sempre descreve o tipo de conexão existente entre o indivíduo e seu sofrimento interno, bem como um caminho passível de levá-lo à cura.

Ele realça nossas habilidades mágicas - o desafio às expectativas, a criação de milagres ou à capacidade de seguirmos e encontrarmos o caminho mais curto para atravessar o labirinto. Quando Quíron está forte no nosso Mapa, apresentam-se a nós muitos problemas e dilemas, aparentemente impossíveis de resolver, que podem ser magistralmente elucidados por meio de uma mudança contextual, uma expansão da percepção e uma abertura de nosso brilho e genialidade - ou, muitas vezes, do bom e velho senso comum, que antes não tínhamos vislumbrado.

Psicologicamente, segundo Melanie Reinhart, há 3 grupos de figuras envolvidas: O “Curador” ou “Salvador” - Sábio, mentor, guia, profissional da cura, o que serve aos outros, curador interno; O “Ferido” - Intrusos, vítimas, bodes expiatórios; O “Agressor” - “Aquele que fere” - Agressor interno. (Em geral, uma das figuras está mais proeminente.)

Quíron também nos mostra onde podemos atrair mais situações que irão nos ferir; todavia esse processo também pode ser semelhante à “espada que cura a ferida que infligiu”, segundo o qual aquilo que receamos e tememos também pode ser justamente, a fonte através da qual chegará a cura.

Camino del Alma



Quíron traz a Dimensão Oculta do Mundo para a matéria.
Revela o outro lado da realidade.
Quíron permite que a intervenção invisível do Mundo se manifeste.
Quíron são as entrelinhas da Vida onde o sentido último do Destino se revela.
Quíron são as coincidências significativas.
Quíron ativa o Fogo da Verdade, que sustém a decisão correta.
Quíron é a Visão Maior, o reverso Inteligente das coisas,
onde a Unidade da Vida se torna presente.
Quíron é quando a experiência do Tempo e a Liberdade se encontram.
Quíron é o espelho da Alice no País das Maravilhas.
Quíron só vibra quando a Dádiva acontece.
Quíron exprime a Magia do Mundo.
Quíron produz Encantamento.

[Maria Flávia de Monsaraz]

Passado, Futuro e Presente

Quíron, pequeno astro entre os mais astros, planetoide do Sistema Solar, roda ciclicamente à volta do Sol, entre a órbita de Saturno e a órbita de Urano, mais longínqua. Girando entre essas duas grandes forças, Quíron é o ponto médio do que Saturno/Urano exprimem na sua inter-relação.

Saturno é o Passado, a experiência do Tempo, o Saber do já vivido, isso de onde se vem. Com Saturno algo sempre se acaba. Fecha o ciclo da matéria.

Urano é o Futuro, o não sabido, isso para onde se vai. Força imaterial evolutiva, motor de toda a expansão. Por ele se abrem portas, se destrói o Passado, se intuem novas dimensões.

Quíron simboliza a frequência intermediária entre estes dois registros de vibração. Do físico ao metafísico, do conhecido ao que ainda não se conhece.

Entre a memória do Passado e o apelo do Futuro Quíron é o Eterno Presente. Simboliza a perfeita relação da Alma intemporal, com Cronos, o tempo dos relógios. Por isso Quíron também se identifica com o Tempo síncrono, com as coincidências significativas.

Síntese do Tempo e do não-Tempo, Quíron interioriza o que é exterior, exterioriza a inferioridade. Do que já passou, ao que ainda virá, materializa o imaterial. Apreende a imaterialidade contida na densidade das coisas.

Quando Saturno, a experiência do Tempo na matéria, e Urano, a alta-frequência da Mente Divina, se fundem na Luz da Consciência, Quíron afirma a Magia do mundo. Atravessa o espelho de “Alíce no País das Maravilhas”...

Quíron é a realidade material com tudo o que contém de poder oculto. Inversamente, é a dimensão oculta materializada.

Quíron só vibra quando a dádiva acontece, e o amor incondicional se torna presente. Quíron é sobre a Terra, a evidência do Espírito, o perfeito canal entre dois mundos, a Via - da Unificação.

Os Centauros


A relação existente entre Quíron e os Centauros, seres míticos metade homem, metade cavalo, é descrita sob diversos prismas por diferentes fontes. Em algumas versões, ele aparece como antecessor, outras vezes como sacerdote e chefe dos Centauros. Em certos textos Quíron procura tão-somente a companhia deles em folguedos e festanças. A despeito da existência de várias descrições distintas sobre a própria origem dos Centauros, nas duas versões mais conhecidas, eles aparecem como descendentes de Centauro, filho de Apolo e Estilbe ou de Ixion e Nefele (uma nuvem feita por Zeus à semelhança de Hera). Os Centauros elegeram o Monte Pélion na Tessália como morada, e as histórias sobre seus feitos narram as lutas que travaram contra seus vizinhos, os Lápitas, também descendentes de Ixion.

Essas lutas entre Centauros e Lápitas ilustram um dos temas centrais na mitologia que envolve a figura de Quíron: o conflito entre o “civilizado” e o “não-civilizado”. Os Centauros eram notoriamente desregrados e libidinosos e tradicionalmente faziam parte dos cortejos de Dioniso, enquanto os Lápitas tinham temperamento oposto e eram tidos como inventores dos freios e rédeas para cavalos; juntos, fornecem uma imagem muito apropriada da justaposição dos comportamentos instintuais “desenfreados” e selvagens a atitudes mais controladas.

Na versão mais comum que descreve seu nascimento, Quíron aparece como filho de Crono (Saturno) e da ninfa Filira, filha de Oceano e Têtis Crono encontra pela primeira vez Filira na Tessália enquanto estava à procura de seu filho Zeus, escondido pela esposa Réia que andava aborrecida com o fato de o marido devorar todos os filhos à medida que iam nascendo. Filira metamorfoseia-se em égua (cf. Deméter com cabeça de égua) para tentar escapar de Crono, que ardentemente começa a persegui-Ia. Crono, por sua vez, a engana transformando-se em cavalo e, assim, consegue unir-se a ela. Dessa união nasce Quíron, o Centauro, com corpo e pernas de cavalo e dorso e braços de homem. Ao vê-lo, Filira fica tão perturbada que roga aos deuses ser transformada em qualquer outro ser. Os deuses anuem ao pedido, transformando-a em tília. Assim, Quíron é abandonado e mais tarde encontrado por Apolo, que assume o papel de pai adotivo e, como mentor, transmite-lhe muitos ensinamentos.

Dessa história sobre o nascimento de Quíron já podemos extrair alguns temas psicológicos importantes e pertinentes ao significado do próprio planeta. Quíron foi rejeitado pela mãe e presumivelmente nunca chegou a conhecer Crono, seu pai. Foi concebido quando ambos os pais encontravam-se numa forma animal, isto é, a partir de uma únião instintual. A autora, em suas pesquisas, não encontrou nenhuma fonte que acusasse ter havido qualquer reconciliação entre Quíron e Crono; além disso. Filira rejeitou o produto e expressão de seu próprio lado instintual a ponto de preferir ser eternamente aprisionada numa árvore.

A ferida dos instintos rejeitados é partilhada por inúmeras pessoas em nossa sociedade. Quantos de nós influenciados pela cultura ocidental judaico-cristã e sua forma de pensar, desde tenra idade, não nasceram de pais que reprimiam seu lado instintual e assim foram “educados” a fazê-lo. Essa autorejeição teve por resultado uma incapacidade de reconhecer e, menos ainda, vivenciar e nutrir este aspecto de seus filhos. Com o modernismo cultural que passou a apoiar a “liberação sexual”, o pêndulo oscilou para o outro lado; entretanto, a despeito dessa mudança, ainda não podemos nos relacionar com uma força pela qual somos possuídos, nem acatá-la. A solidão e o isolamento que advêm dessa combinação de rejeição materna e ausência ou fraqueza paterna constituem outro tema da psicologia atual e compõem o cenário para o roteiro arquetipico do “nascimento de um herói”. As crianças que possuem esse tipo de pais quase sempre se sentem órfãs, acham que seus pais biológicos não são os verdadeiros e passam a fantasiar que, algum dia, os pais “reais” virão salváIas - esse processo parece surgir à medida que se desenvolve o senso de individualidade, aparecendo sobretudo como resposta autoprotetora a determinada situação dolorosa. Quan- do a criança carece de relacionamento afetivo com os pais ou responsáveis, sua psique permanece aberta ao reino do imaginário e a formação de seu ego é dificultada ou até mesmo prejudicada. Em termos positivos, isso pode fomentar em nosso interior (da mesma maneira que o fez com Quiron) um senso precoce de destino e a premência de desenvolver nossa própria individualidade; negativamente, por outro lado, pode nos compelir a fugir da dor de nossas feridas, para uma ênfase cada vez maior no espiritual de um modo,rarefeito e unilateral onde os instintos ficam suprimidos com o intuito de manter e preservar um falso sentido de elevada consciência. Logicamente, é dispensável ressaltar aqui que, com o passar do tempo, os instintos virão à tona para restabelecer o equilíbrio perdido, produzindo quase sempre crises tanto em nível físico quanto mental. Estas constituem, pois, algumas das manifestações mais evidentes de Quíron na carta natal.

Outro aspecto interessante emerge nesse contexto. No desenrolar da história da Criação segundo a mitologia grega, o nascimento de Quiron é singular: é produto da primeira união que não é diretamente incestuosa. Todos os seus antecessores pelo lado paterno foram concebidos através de união entre mãe e filho ou entre irmã e irmão. Filira era sobrinha de Crono; portanto, apesar de ainda haver algum parentesco, este já é mais distante Por conseguinte, Quiron também representa uma separaçào da matriz original, a Mãe-Terra Gaia primordial e sua prole. Isto simboliza a afirmação da individualidade através de um processo de ruptura da unidade original e, no mito de Quiron, podemos ver tanto as repercussões dolorosas que esse rompimento traz quanto a sua resolução. No instante do nascimento Quíron depara com a Deusa Terrível em sua forma destrutiva, a imagem de sua própria mãe numa atitude de rejeição; como veremos posteriormente, o alivio definitivo de seu sofrimento emerge de sua renúncia voluntária à imortalidade, retornando assim à Mãe-Terra, desta vez para o seu aconchego reconfortante.

Apolo, o deus-sol reverenciado pelos gregos, foi o pai adotivo e preceptor de Quíron. Na ausência de Crono, assume papel significativo como principal influência masculina sobre o desenvolvimento de Quíron. Apolo era deus da música, profecia, poesia e medicina, bem como modelo dejuventude, beleza, sabedoria e justiça. Nunca foi um deus vingativo e redimia os homens desuas culpas c transgressões. Também fornecia proteção divina contra animais selvagens e doenças, apesar de ser deus da caça e ter a propriedade de lançar pragas. Seus amores foram, em sua maior parte, infelizes, pois tinha dificuldade em expressar sua capacidade de relacionamento (Eros). Por outro lado, o principio da razão e da ordem (Logos) estava muito mais desenvolvido nele. A energia arquetipica representada por Apolo é praticamente o oposto da união instintual que deu origem a Quíron. O relacionamento entre ambos, entretanto, vem mais uma vez reforçar o tema da justaposição da instintualidade desenfreada aos fatores controladores da razão e educação.

Em outra versão, Quíron adquire sua sabedoria quando Atena encosta as mãos em sua testa. Apesar de Arena ter suas raizes em antigas figuras femininas de sabedoria, sua imagem foi, com o transcorrer do tempo, filtrada através do pensamento patriarcal grego e, segundo o mito, teria nascido, totalmente armada, da cabeça de Zeus. Trata-se, portanto, de uma poderosa imagem do feminino, ainda que um tanto desarticulada, atuando principalmente a serviço do principio masculino e dedicada ao processo da educação e civilização.

Por conseguinte, apesar de Quíron sobreviver, ele permanece eternamente ferido, separado de seu self instintual que foi humilhado e rejeitado. Torna-se então o mediador dos ideais apolíneos de harmonia, cultura, ordem e criatividade que se estabelecem contra o lado instintual. Esta é a sua primeira ferida que muitos dentre nós partilham. Robert Stein descreve essa situação com muita proficiência:

O desenvolvimento do ego individual certamente envolve um processo de restrição e subjugado de nossa própria natureza, de modo que o desenvol- vimento da civilização pode ter exigido do homem a diferenciação e separação entre sua natureza espiritual e animal. Todavia, uma vez domado o cavalo e contidas as suas rédeas, a tentativa brutal e forçada de adquirir completo domínio sobre ele só nos levará ao caminho da destruído. A relação entre homem e cavalo deve ser harmoniosa e amorosa: o verdadeiro Mestre encontra-se em sintonia tão precisa com seu cavalo que não mais necessite refreá-lo. O homem ocidental simplesmente alo está disposto a abdicar de todo o poder que adquiriu em seu triunfo sobre a Natureza. Por medo de perder seu poder, menoscaba seu cavalo e continua desprezando-o, A dificuldade é que o poder da consciència reside na individualidade, enquanto a Mie Natureza indiscriminadamente acalenta por igual todos os seus fi-lhos. Assim, o homem moderno acredita que renunciar a seu poder ou devolvê-lo á Natureza significa perder a sua individualidade. Além disso, as medidas repressivas que o homem tomou contra a Natureza levaram ao desenvolvimento de poderes violentos e obscuros em sua própria alma que a qualquer momento ameaçam irromper.

Quíron tornou-se homem sábio, profeta, médico, professor e músico. Seu ministério incluía os próprios Centauros rebeldes, bem como vários reinos pequenos ao norte da Grécia. Os reis locais confiavam-lhe os filhos para que fossem educados na arte da liderança, necessária para suas futuras funções. Foi também mentor de numerosos heróis famosos da Grécia, incluindo Jasão, Aquiles, Hércules e Asclépio, que finalmente foi imortalizado devido a seus notáveis poderes de cura. Quíron ensinou-lhes tudo, desde montar a cavalo, atirar com arco, caçar, as artes da guerra e da medicina (todas elas destinadas à sobrevivência), até ética, música, ritos religiosos e os princípios das ciências naturais. Algumas vezes, atribui-se a Quíron a invenção da flauta e da lança, bem como a descoberta de várias constelações na ocasião em que começou a mapear a esfera celeste. É também tido como pioneiro no uso medicinal de plantas, embora, como tivemos o ensejo de frisar no último capítulo, esta arte esteja mais associada à figura arquetípica do Curador Ferido do que ao próprio Quíron. Os xamãs eram versados lio uso das plantas muito tempo antes de o mito de Quíron ter sido formulado pelos gregos.

Existem numerosas narrativas de curas e profecias atribuídas a Quíron, porém talvez a mais relevante para nosso propósito seja a cura de Télefo, ferido por uma lança ofertada por Quíron a Peleu. Quando Télefo consultou o oráculo de Apolo porque sua ferida não cicatrizava, foi-lhe profetizado que “a ferida só poderia ser cicatrizada por aquilo que a causara”. Dessa maneira, Quíron encontra-se associado ao principio da cura homeopática, onde “o semelhante cura o semelhante”. Assim, por exemplo, diminutas quantidades de veneno de serpente podem ser utilizadas para curar mordidas de serpente. Podemos constatar a atuação deste princípio quando ocorrem importantes trânsitos de Quíron, bem como nas relações que envolvem aspectos significativos entre Quíron e outros planetas. Em termos psicológicos, podemos comparar esse processo à “compulsão da repetição”. A memória de algum sentimento doloroso, depositada no inconsciente, tende a atrair situações no presente que reproduzem os mesmos eventos, reativando conseqüentemente a antiga ferida. Todavia, esses ciclos de repetição ocorrem porque ainda existe alguma ferida que está procurando cicatrizar ou porque a pessoa está tentando modificar suas atitudes ou expandir sua consciência. Nesses momentos, a cura é possível; entretanto, se a freqüência de repetição for demasiada, o processo pode esmagar a pessoa, e a ferida pode tornar-se mais profunda ou transformarse até mesmo em alguma enfermidade fatal.


O significado psico-espiritual do mito de Quíron continua a evoluir, e já se escreveu bastante a respeito dele. Geralmente descrito como ‘O curador ferido’, Quíron é um princípio arquetípico com o qual muitos astrólogos e terapeutas têm se identificado, e aplicado no trabalho com clientes. Em Astrologia, o Quíron natal pode ser encarado como um indicador da ‘ferida quirônica’ ou ‘ferida psíquica’, representando problemas (ou danos) psico-emocionais não-resolvidos, provenientes de traumas na infância ou de experiências subseqüentes – problemas que, muitas vezes conscientemente acessíveis, mas frequentemente reprimidos ou até ‘dissociados’, ainda gritam por remissão e cura. Muitas vezes a ferida psíquica é interpretada como um ‘dom oculto’, que age como um estímulo para a descoberta de si-mesmo. Mas mais frequentemente se considera que as energias de Quíron propiciam o conflito do ego e a desilusão com uma onipotência ilusória (daí uma metanóia – nota do autor.), conduzindo para uma percepção transpessoal, transcendência e crescimento psico-espiritual (ou auto-transformação).” - [Candy Hillenbrand]

Quíron e seu mito



1. O MITO

Segundo o mito, Quíron é filho de Saturno (Cronos) e da ninfa Filira. O deus, para se esconder da esposa Réia, se metamorfoseou em cavalo para se encontrar com Filira: dessa união nasceu o centauro, metade cavalo e metade homem. Quando a mãe viu a criatura horrorosa que havia posto no mundo, pediu aos deuses que a transformassem numa coisa diferente: seu pedido foi atendido, e ela foi transformada numa árvore chamada Tília.

Quíron ficou abandonado: o pai fugiu e a mãe não quis saber dele. Imortal, por ser filho de Saturno, Quíron sobreviveu, sendo encontrado por Apolo (deus do Sol dos gregos). Como pai adotivo, Apolo lhe ensinou todos os seus conhecimentos: artes, música, poesia, ética, filosofia, artes divinatórias e profecias, terapias curativas e ciência.

Adulto, tornou-se ele um grande sábio, profeta, médico e mestre, transmitindo seus conhecimentos a todos que desejassem aprender. Os heróis gregos (Hércules, Asclépio, Aquiles, Jason etc.) foram pupilos de Quíron, assim como os filhos dos reis da Grécia. Ele era o ‘centauro chefe’ e o preceptor máximo, tanto das artes da sobrevivência, como da cultura, da filosofia, e passou a orientar e burilar o intelecto dos discípulos, ficando conhecido também por preparar os futuros heróis. Quíron era ainda expert no uso da medicina de ervas e plantas e em Astrologia. Ele tinha o poder de cura nas mãos, e o que não conseguia curar, ninguém mais conseguia.

Mas um dia, durante a festa de casamento de um filho de um rei, os centauros convidados se embriagaram e começaram a perseguir as mulheres, inclusive a noiva. Travou-se uma batalha entre os centauros bêbados e os convidados, entre os quais estava Hércules, que, acidentalmente, feriu Quíron, também presente à festa, com uma flecha, ou na coxa, ou na perna, ou no pé (há várias versões) ou seja, na parte animal do corpo. A flecha de Hércules, que havia sido banhada no sangue da Hidra (e sendo portanto venenosa), causou em Quíron uma ferida incurável; impotente para curar seu ferimento e não podendo morrer por ser imortal, ele começou a sofrer intensamente, recolhendo-se a uma gruta no monte Pélion onde, porém, continuou transmitindo seus conhecimentos aos discípulos.

Por outro lado, Prometeu havia roubado o fogo dos deuses e dado para os homens, tendo sido, por isso, castigado por Zeus, que expressou que só o libertaria se um imortal abrisse mão de sua imortalidade e fosse para o Hades (reino subterrâneo, inferno) em seu lugar. Com pena de Prometeu e de Quíron, Hércules propôs a Zeus que soltasse Prometeu, pois Quíron faria isso: Zeus concordou, liberando Quíron de seu sofrimento, para morrer tranquilamente. O deus o homenageou, colocando-o no céu como a constelação de Sagitário (sagitta: flecha)

O ‘curador ferido’ ainda aparece em muitas das nossas palavras derivadas do grego antigo: a palavra cheir, que significa mão, compõe não somente o nome de Quíron (a forma antiga é Kheiron), mas também diversas palavras que servem para amplificar o arquétipo do Centauro Chefe: figura em quiromancia, quirografia, quiroprática e quirurgia, que veio a ser cirurgia.Na base de todas as derivações está cheir, a mão, que parece simbolizar o arquétipo de Quíron, que significa a união do intelecto com o instinto/mental e corpo/humano e animal. Talvez a melhor ilustração disso seja em algo muitas vezes expresso por artistas: que na criação de uma obra de arte entra primeiro a cabeça e depois a mão, denotando a avaliação final, se o trabalho será realmente inspirado ou meramente um exercício técnico.

E então, a partir do mito, aprendemos que o significado astrológico de Quíron abarca os arquétipos de Professor, Curador, Músico, Buscador, Mestre Astrólogo e Guia de Busca. Ele simboliza a auto-realização e a satisfação pessoal através de uma união holística da razão com a paixão, do intelecto com o instinto, do animal com o humano. Ele é estreitamente ligado com seu meio-irmão Júpiter, o tradicional regente de Sagitário e da Casa Nove – áreas do mapa astral ligadas com buscas de todos os tipos.

2. A descoberta de Quíron e suas implicações:
a) O chamado planetóide Quíron, descoberto pelo astrólogo Charles T. Kowal, de um observatório na Califórnia (EUA), em 1º de dezembro de 1977, na verdade já havia sido fotografado desde 1895. Foi o que constataram os astrônomos de todo o mundo quando, alertados pela descoberta do novo corpo — que não sabiam ainda se era um cometa, um asteróide ou um planeta — começaram a pesquisar fotografias antigas do céu. Na época, os astrônomos não haviam se interessado por aquele ‘objeto’ desconhecido (v. mapa da descoberta, anexo); mas é interessante destacar o seguinte:

 O glifo de Quíron parece uma ‘chave’, que pode ser interpretada como a chave para a busca da transmutação / transformação pessoal.
 O símbolo sabiano para a posição de Quíron no mapa de sua descoberta menciona o ‘pote de ouro no fim do arco-íris’; Dane Rudhyar (o autor do livro sobre os símbolos sabianos) dá a chave para esse significado, como ‘a plenitude que flui da conexão com a natureza celestial (ou divina)’, e sugere que aponta para algum tipo de transubstanciação da matéria.
 A posição do Ascendente, a 26°04’ de Sagitário, simboliza a identidade pessoal que Quíron projeta neste mundo; o grau correspondente é representado por um escultor trabalhando, uma clara indicação da habilidade que nós humanos temos para transformar a matéria de acordo com nossa visão pessoal; ocorre que o centro de nossa galáxia atualmente (09.06.06) se localiza a 26º56′ desse signo, o que torna esse posicionamento bastante destacado em termos energéticos.
 A posição do Sol, em Escorpião, indica a transmutação da matéria (criando, de ordinários mortais, heróis míticos) e, com a posição do Ascendente, a realização da Busca (o pote de ouro no fim do arco-íris).

b) Destaca-se a analogia com o ‘Princípio da Sincronicidade’, de Jung: qualquer coisa que seja feita ou nasça num determinado momento, participa de ou revela o significado essencial desse momento. Podemos dizer que a Astrologia tem muito a ver com sincronicidade, o que quer dizer que esse fenômeno é muito anterior a Jung. O mapa natal revela o indivíduo porque revela o momento do seu nascimento. Assim sendo, o indivíduo, o mapa natal e o momento do nascimento são três facetas da mesma realidade.
c) As descobertas de Urano (em 1781), Netuno (em 1846) e Plutão (em 1930) tiveram a ver com eventos mundiais importantes para a humanidade, nessas épocas. Quanto a Quíron, talvez o assunto mais importante no mês de sua descoberta tenha sido, em 19.11.77, a reunião entre o presidente do Egito, Anwar Sadat, e o primeiro-ministro de Israel, Menachem Begin, para discutir a paz entre esses dois países, do que resultou o isolamento do Egito em relação aos seus vizinhos árabes; e isso deve ter contribuído para o assassinato de Sadat.


Em termos mais gerais, 1977 marcou uma época em que, pelo menos nos Estados Unidos, passou a ser focada muita atenção para o que veio a ser chamado de ‘Medicina Holística’.

Em vários exemplos ocorridos na segunda metade da década de 1970, podemos ver analogias com Quíron como um baluarte de sua raça, o único Centauro que deixou a companhia daqueles de sua espécie para buscar o que ele sentiu ser um caminho melhor de vida.

3. A órbita de Quíron
A órbita de Quíron se completa entre 49 e 51 anos; como ela é bastante elíptica, quando ele está mais próximo do Sol, ela entre na de Saturno; e quando ele está mais longe do Sol, ela se aproxima da de Urano (mas não a cruza): unir esses dois opostos, como Quíron faz, é como criar uma forma holística de consciência, que transcende a tensão entre eles (por isso, simboliza uma ponte de ligação entre esses dois planetas). A natureza muito elíptica da órbita faz com que ele fique pouco tempo p.ex. em Libra (cerca de 1,75 anos) e muito tempo p.ex. em Áries (cerca de 8,25 anos), com as implicações decorrentes (sobretudo no que diz respeito ao tempo variável que decorre para as quadraturas e oposições).

4. Quíron nos hemisférios, nos quadrantes, nos elementos e nas modalidades
O livro citado de Richard Nolle² faz uma boa análise da posição de Quíron conforme título acima; entretanto, o que merece um destaque maior é sua presença nos hemisférios: no hemisfério inferior (mais ligado com o mundo interior do indivíduo) ou no hemisfério superior do mapa natal (mais ligado com o mundo exterior do indivíduo). Segundo aquele autor, quem tem Quíron no hemisfério inferior geralmente tem ‘uma inquietude subconsciente que trabalha sob o nível da percepção racional, para produzir oportunidade para crescimento transcendental.’ Já quem tem Quíron no hemisfério superior geralmente ‘tende a projetar a função de Quíron em outras pessoas; ao invés de iniciar independentemente o processo que leva a uma confrontação com o mestre interior, o indivíduo terá probabilidade maior de ser beneficiário de contatos com outras pessoas, que farão o papel de mestres.’

Exemplos destacados de Quíron no hemisfério inferior são os mapas de Sigmund Freud, C. G. Jung, Hermann Hesse, Mohandas K. Gandhi, Martin Luther King Jr. e John Lennon;, quanto à posição no hemisfério superior, podemos citar Annie Besant, Bob Dylan e Carlos Castaneda ( de acordo com o citado naquele livro). Mas o exemplo mais notável é o do conhecido astrólogo Dane Rudhyar: em um excelente artigo sobre Quíron³, Candy Hillenbrand cita que ‘Rudhyar foi o pioneiro (Áries) de uma abordagem Harmônica (Libra) para a Astrologia (Quíron), e essa se tornou sua maior contribuição para o mundo (Quíron em conjunção com o MC – a 12º06′ de Libra, nota deste autor). Rudhyar também foi artista, poeta, e compositor musical. Ele escreveu acerca de uma abordagem ‘estética’ para a vida, de uma maneira muito bem simbolizada por Quíron em Libra.’

5. Quíron nos signos e nas Casas
Sem dúvida, a aproximação e a abordagem de uma busca por transmutação / transformação será colorida pelo elemento e modalidade em que se encontra Quíron no mapa natal do indivíduo.

Entretanto, basicamente se pode dizer que Quíron nos signos geralmente indica a predominância de uma busca ou de uma crise, na vida presente: em Áries, a busca da identidade; em Touro, a busca de valores no plano material; em Gêmeos, uma crise pessoal com respeito à integração aqui na Terra, que afeta grandemente o equilíbrio e o sistema nervoso; em Câncer, uma crise relativa a raízes culturais e/ou uma crise de proteção pessoal (o indivíduo se sente preso ao passado); em Leão, uma grande crise do ego, que irá aperfeiçoar gradualmente o nativo, até a maestria da vontade; em Virgem, a busca de uma re-sintonia com a dinâmica da cura (inclusive interior); em Libra, a busca do equilíbrio do eu em relação ao outro; em Escorpião, uma crise de morte/transformação ou uma escolha significativa de viver, relacionada com os temas da Casa que contém Quíron; em Sagitário, uma crise relativa à integração do Eu Superior na consciência da pessoa; em Capricórnio, uma crise cármica em relação ao êxito na busca e ao equilíbrio na vida, entre o sucesso e a subsistência normal; em Aquário, uma crise quanto a estar fundamentado, quanto a viver na Terra de um modo equilibrado; em Peixe, uma crise a respeito de unir-se com a força divina, a unicidade universal. (Barbara Hand Clow).

Já Quíron nas Casas revela a qualidade da compreensão da vida em relação à alma; revela o caminho da alma, o ponto de pedra-de-toque para a realidade multidimensional, e o método que o nativo deve aperfeiçoar para aprender a maneira de curar. (B.H.C.). Por exemplo, a chave para Quíron na C. 2 é ajudar os clientes a definirem melhor seus valores.

O aconselhamento mais eficiente com Quíron é sempre o de ajudar o cliente a tornar-se consciente dessa energia, para que possa dirigi-la melhor.

No primeiro livro (em termos de publicação) mais destacado sobre Quíron², Richard Nolle expressa o seguinte:

“A Astrologia, como é comumente praticada, é descritiva e fatalista. É usada como um meio para revelar um caráter supostamente imutável, para revelar um destino que é (mais ou menos) possível acontecer. A Astrologia simbolizada por Quíron é, por outro lado, criativa e transformativa. Ela não lhe diz meramente o que você é em termos de tantos traços de caráter. Ela não lhe mostra um mapa com tantas realidades alternativas, sendo que alguma combinação delas se provará ser o seu destino. Quíron, devemos lembrar, era um preceptor, alguém que as pessoas procuravam quando se preparavam para feitos heróicos. O supremo ato de heroísmo é a transformação do self, a criação do destino através da transcendência do fado. É a esse tipo de Astrologia criativa e alquímica que Quíron dá significado.”


6. Os aspectos com Quíron
Em geral, o número de aspectos entre Quíron e os outros planetas indica o grau de poder de cura e os padrões de resposta alquímica natural no interior do nativo.

Um Quíron bastante aspectado é (mostra) igualmente o caminho para a cura do eu (ou ego). Com freqüência poderosas quadraturas e oposições de Quíron com os planetas interiores estão levando o nativo a uma grande cura interior.

Quanto aos nodos lunares, podemos dizer que Quíron em aspecto com os mesmos indica uma ligação kármica com a arte da cura, devendo o indivíduo fazer uma análise mais direta das energias envolvidas, de forma a sintonizar mais e melhor a acentuação que deve dar ao conhecimento do seu dharma (Quíron + nodo norte) ou karma (Quíron + nodo sul), tendo como referência o foco vinculado com saúde e cura.

Mapa da descoberta

Chiron y los Centauros



El 18 de octubre de 1977, Charles Kowal descubrió un objeto excepcional, de magnitud 19 y lento movimiento aparente, con el telescopio Schmidt de 1,2 metros del Observatorio de Mount Palomar observatory (California, USA). Al analizar su órbita resultó ser un cuerpo aparentemente asteroidal situado entre las órbitas de Saturno y Urano, con el perihelio situado en el interior de la órbita de Saturno, pero alejado de Júpiter. Una búsqueda en placas fotográficas antiguas puso de manifiesto que con anterioridad había sido observado varias veces, siendo el registro conocido de 1895.

Aunque el propio Kowal indicó que podría tratarse de un cometa, al estimarse que su tamaño era desmesuradamente grande para este tipo de objetos, se pensó que debía ser un asteroide, recibiendo primero la denominación provisional de 1977 UB y posteriormente la definitiva como cuerpo asteroidal de 2060 Chiron. Su nombre Chiron proviene de la mitología clásica griega. Quirón (Chiron) es un centauro hijo de Kronos (Saturno). Este nombre fue escogido por Kowal teniendo en cuenta su dualidad de mitad hombre y mitad caballo, muy apropiada para un objeto medio asteroide y medio cometa. Y este fue el origen de una nueva familia de objetos del sistema solar del que Chiron es el primero y mayor conocido, los Centauros, nombre que reciben los asteroides que se descubren entre las órbitas de Júpiter y de Neptuno.

El 14 de febrero de 1996 Chiron alcanzó el perihelio (mínima distancia al Sol) dentro de la órbita de Saturno y la sorpresa fue que empezó a desarrollar una coma, indicando que se trataba de un objeto cometario, pero de unas dimensiones nunca vistas, pues posee un volumen unas 50.000 veces mayor que cualquier otro cometa conocido, siendo su tamaño el propio de un asteroide medio. Ante las evidencias, fue clasificado de nuevo, pero esta vez con la denominación de cometa, 95P/Chiron, pero conservando su dualidad de asteroide: 95P/Chiron / (2060) Chiron.


A Mitologia e o Simbolismo de Quíron

As coisas não acontecem por acaso, tudo possui o seu motivo, o seu porquê e têm a sua hora.

Um exemplo disso, foi a descoberta de Kíron em 01/11/1977, pelo astrônomo norte-americano Charles T. Kowai; no Observatório Hale, em Pasadena, na Califórnia. Ele avistou u novo astro no Sistema Solar, que estava situado entre as órbitas de Saturno e Urano. Por ser muito maior que um asteróide, mas pequeno demais para ser considerado um planeta, foi classificado como um planetóide. E, como não podia deixar de seguir a tradição astronômica, que designa os demais planetas com nomes de personagens da mitologia grega, Kowal deu a esse novo astro o nome do rei dos Centauros: Quíron.

A partir daí, astrólogos foram realizando pesquisas, baseados no simbolismo do mito de Quíron, como outros astrólogos (no passado) fizeram em relação à Netuno, Urano e Plutão.

Quíron foi um grande mestre-astrólogo e/ou um rei-sacerdote, que iniciou terapeutas, guerreiros e magos. Era hábil na caça, na música, na arte da guerra, na astrologia e na medicina. Foi o fundador de Asclépio, o antigo templo de cura; assim como, foi o mestre de Aquiles, de Orfeu, de Jasão, de Hércules e outros heróis e guerreiros.

Seus avós são Urano (o Pai Celeste) e Gaia (Mãe Terra); seus pais são Cronos (Saturno) e Réia (Vênus), mas ele nasceu (realmente) de uma união ilícita entre Cronos, que havia tomado a forma de um cavalo, e Fílria, uma ninfa do mar. Por isso, Kíron é meio humano e meio animal, e pertence tanto à terra como ao mar. Foi casado com uma deusa da água, e sua filha foi Téia, que significa "o ser brilhante da Lua". Téia foi uma vidente e astróloga muito famosa na antigüidade. Após sua morte, Téia ascendeu às estrelas e tornou-se a constelação de Pégasus.

Como havia passado por muitos sofrimentos e, mesmo tendo se tornado mestre nas artes curativas, jamais conseguiu tratar de sua própria ferida. Por isso, era conhecido como o Curador Ferido.

Está ferida foi causada quando, durante um jantar com outros Centauros, ocorreu uma briga e ele acabou sendo flechado na coxa, (erroneamente) por Hércules. Esta flecha, envenenada, continha o sangue da Hidra de Lerna (veneno esse, que ele mesmo havia ensinado Hércules a fabricar).

Por seu dom curador, recebeu dos deuses, como recompensa, o dom da imortalidade. Mas preferiu a morte, graças a uma troca de destino com Prometeu; aceitando-a de maneira tranqüila, uma vez que, em vida, não conseguiria curar-se da própria ferida. Depois de nove dias, foi imortalizado, na forma da constelação do Centauro.

Quíron também rege os cristais. E eles, podem ser ótimos instrumentos de cura, porque constituem uma luz branca congelada em forma rígida mineral hexagonal saturnina.

Se você possui um trauma de vida passada ou uma doença em algum ponto do seu corpo, durante cada vida completa o seu Eu Superior tentará irromper através daquele ponto, daquela densidade. Isto quer dizer, que você ficará doente naquele ponto até limpá-lo, até transformar aquele ponto em luz branca pura e cristalina.

Enfim, Quíron é um mestre de coragem, um mestre de limpeza de tudo o que não é forte e saudável.

Astrologicamente, Quíron se relaciona aos temas de dor e de cura. Ele representa nossas feridas psicológicas mais profundas, muitas das quais tiveram origem na infância ou são inconscientes, e que bloqueiam nossa trajetória de vida. Também, indica as áreas físicas em que somos mais vulneráveis; assim como, a nossa tendência para atrair situações que nos trazem mais sofrimento, reativando assim emoções dolorosas do passado. Ao mesmo tempo, ele revela que a cura só pode ser encontrada quando aceitamos e damos à ela um significado real.

Num mapa astral, Quíron aponta as situações ou fases nas quais lutamos incessantemente por algo - um ideal, um relacionamento ou uma carreira, por exemplo - sem conseguirmos nenhum resultado positivo, o que nos leva a acreditar que a vida é apenas uma sucessão de esforços inúteis, que só nos trazem sofrimento. Mas, por trás dessas batalhas, aparentemente sem sentido, é que está a mensagem de que precisamos enfrentar o fim das coisas.

Quíron representa, enfim, o nosso guia interno, que nos revela o caminho de nossa jornada ao longo da vida.

A liberação de Quíron de seu sofrimento

Quíron sofreu incessantemente em conseqüência de sua ferida. Não podia morrer por ser imortal, e tampouco podia cura-la a despeito de toda a sua proficiência. Ironicamente, a sua capacidade de ajudar os outros aumentava à medida que procurava continuamente obter alívio de sua ferida incurável. Essa situação dolorosa e humilhante é quase sempre vivenciada por pessoas que trabalham em profissões relacionadas com cura, sejam elas ortodoxas ou alternativas. Descreve também os padrões repetitivos que nunca parecem ter solução, a despeito de a pessoa tentar obstinadamente “fazer o melhor” e procurar modificar-se c curar-se, embora prossiga num caminho que a leva a um desfecho progressivamente mais desastroso (a exemplo da compulsão à repetição, mencionada anteriormente). Nesses momentos, a sabedoria dos instintos poderia nos reorientar; se ao menos pudéssemos ouvi-Los, saberíamos imediatamente que estamos no caminho errado. Lamentavelmente, entretanto, uma vez rompida essa conexão, como a que ocorreu no mito de Quíron, a tentativa de humildemente reaprender a ouvir quase pode nos custar a vida. Nossa “metade superior” cheia de virtudes está ávida demais por transformar nossa dissociação em filosofia e tenta até persuadir os outros da retidão de sua atitude. Esta é uma expressão do zelo missionário associado a Quíron. O posicionamento de Quiron no mapa indica o local em que as pessoas estão sujeitas a tornar-se “possuídas” - dominadas por alguma idéia, crença ou propósito capazes de perpetuar a ferida e leva-las a tentar convencer outros de sua “verdade”, que pode não representar mais do que uma defesa desesperada contra sua própria dor interna. Isso não pretende apoucar as imensas contribuições para a humanidade feitas por pessoas motivadas e impelidas pelas suas próprias feridas, mas serve como desapaixonada imagem de nossos tempos, quando uma pletora de curas, filosofias e métodos de crescimento continuamente nos seduzem e nos levam ao sorrateiro sentimento de que “se pelo menos eu pudesse (gritá-lo alto, dissecá-lo, descobrir-lhe o sentido, entender a sua astrologia... ) então tudo estaria bem”. O mito de Quíron vem reforçar a necessidade de aceitar nossa ferida como pré-re-quisito para qualquer cura que possa advir; mostra também de que maneira a sabedoria da psique pode nos trazer a cura por caminhos que temos dificuldade em reconhecer.


QUíRON E PROMETEU

Finalmente, Quíron pôde libertar-se de seu tormento em decorrência de uma curiosa troca de destino com Prometeu que constitui-se, destarte, em elemento-chave no mito de Quiron e que também pode quiçá representar para nós um guia orientador na resolução adequada de nossos conflitos e na cura de nossas feridas. Prometeu fora acorrentado a um rochedo por Zeus como castigo por tê-lo enganado e por haver roubado o fogo. Todos os dias, um grifo, enorme ave semelhante à águia, bicava-lhe o fígado (regido por Júpiter); como, a cada noite, o fígado devorado renascia, Prometeu sofreu eterna tortura. Zeus decretara que Prometeu só poderia ser liberado se um imortal concordasse em ir para o Tártaro e lá permanecesse em seu lugar, renunciando portanto à sua imortalidade, com a condição de que Prometeu, uma vez libertado, passasse a usar para sempre uma coroa de folha de salgueiro na cabeça e no dedo um anel.

Hércules intercedeu a favor de Quíron e, por fim, Zeus concordou com a troca. Essa mediação vincula-se ao significado de Quíron no mapa: aquele que feriu Quíron é também aquele que facilitou sua cura. Nessa situação, também, Quíron (o curador/redentor) não atuou para si; em última análise, é aquilo que dentro de nós nos fere que necessita arrependerse e vir em nosso auxilio, pois, de outro modo, permaneceremos vítimas de nosso próprio destino e esquecidos de nossa própria capacidade destrutiva. Quíron tomou o lugar de Prometeu e finalmente veio a morrer; depois de nove dias, Zeus o imortalizou na forma da constelação de Centauro. Hércules, após solicitar permissão a Apolo, traspassou o coração do grifo. Esse ato também constitui uma imagem evocatória. As monstruosas aves de rapina estão quase sempre associadas ao lado destrutivo do espírito masculino - pensamentos negativos que consomem e devoram nossa criatividade e senso de valor e nos induzem a nos voltar contra a vida do corpo. Esses monstros orgulhosos que habitam a mente muitas vezes só conseguem ser apaziguados ao abrirmos o nosso coração e ao termos compaixão de nós mesmos e dos outros.

Analisemos mais atentamente o mito de Prometeu. Filho de Japeto (um Titã) e de Climene, é tido como criador dos primeiros mortais feitos de argila e água, nos quais a deusa Atena teria insuflado a alma, dando-lhes vida. A princípio Prometeu é descrito como primitiva personificação do trapaceiro, empenhado em ludibriar os deuses. Posteriormente, Esquilo transforma-o em herói da cultura, figura que suporta sofrer por uma causa nobre, paladino e salvador da humanidade, à qual transmite os ensinamentos necessários para sua evolução. Zeus estava aborrecido e contrariado com a raça humana; desejava eliminá-la e criar algo melhor, talvez enciumado do papel de Prometeu na criação. O lamento do coro em Prometeu Acorrentado de Ésquilo expressa esse dilema:

Você é arrogante, Prometeu, e seu espírito,
A despeito de todo o sofrimento, não cede nunca. Mas há liberdade demais em suas palavras.
Mais tarde Prometeu responde:
Sim! é fácil para quem está fora
Do muro da prisão de dor exortar e ensinar aquele que sofre.


Certa vez pediram a Prometeu que atuasse como mediador numa disputa para saber que partes de um boi sacrificado deveriam ser reservadas aos deuses e que partes o homem tinha permissão de comer. Prometeu tirou a pele do boi e, com o couro, fez duas bolsas. Numa pôs a melhor carne, mas escondida sob o estômago. Na outra colocou os ossos e miúdos, ocultos sob uma camada suculenta de gordura. Prometeu riu a valer quando Zeus caiu no embuste. O deus do Olimpo ficou com muita raiva e castigou Prometeu privando a humanidade do fogo. Prometeu viu-se então obrigado a recuperá-lo e devolvê-lo, porquanto era criador da raça humana. Para isso, -se com todo o sigilo ao Olimpo, roubou novamente o precioso tição, escondeu-o num talo de funcho e o trouxe furtivamente para devolvê-lo aos homens.

Ao descobrir a façanha de Prometeu, Zeus vingou-se modelando em argila uma linda mulher chamada Pandora, com sua famosa caixa cheia de infortúnios para a humanidade. Enviou-a a Epimeteu, irmão de Prometeu, que a recusou, tendo sido aconselhado pelo irmão a jamais aceitar qualquer presente de Zeus. Mais uma vez derrotado, Zeus ficou ainda mais enfurecido e, através de um ato de supremacia, acorrentou Prometeu a um rochedo e lançou sobre ele o grifo para torturá-lo. Prometeu ali permaneceu inflexível até o momento em que foi feita a troca com Quíron.

Embora o roubo do fogo seja um tema mitológico famoso, a primeira parte do mito talvez não seja tão bem conhecida. Com demasiado simplismo, Prometeu é quase sempre considerado como “aquele que trouxe iluminação para a consciência da raça humana”. Entretanto, como mostra a primeira parte do mito, trata-se de uma figura de significado um tanto mais complexo. Além de rebelar-se saudavelmente contra a autoridade desumana ou egoísta, ele também revela falta de respeito pelos deuses e uma perigosa tendência a enganá-los e humilhá-los, recusando-se a reconhecer seus direitos. A história de Prometeu ilustra a situação paradoxal em que, embora pareça ser próprio da natureza do ser humano buscar o autodesenvolvimento e a consciência, tentando pois adquirir para si a melhor parte do boi, por assim dizer, se ele o fizer sem reverenciar os deuses pelo que está roubando, poderá sofrer “castigo” na forma de doença física ou mental.

Eis por que ao procurar o sentido de seu sofrimento o homem procura o sentido de sua vida. Almeja encontrar o padrão mais elevado de sua vida, o que vem mostrar por que o curador ou médico ferido é o arquétipo do self- um dos seus aspectos mais comuns - e encontra-se na essência de todo procedimento genuíno de cura.'

Prometeu também personifica o processo de crescimento da alma que desabrocha à medida que corajosamente desmascaramos nossa falsa semelhança com os deuses, descobrindo e abandonando nossa enfatuação e identificação com imagens arquetípicas. A dor que inevitavelmente nos aflige durante esse processo nos torna mais humildes e também mais condoídos diante do sofrimento, tanto nosso quanto alheio, tornando-nos mais humanos. Todavia, em certos momentos, podemos incidir na enfatuaçào e na arrogância e ter de “combater os deuses” a fim de dignificar nossas necessidades e sentimentos humanos, limitações e fraquezas. É também possível que tenhamos de lutar contra os valores dos pais e da sociedade para honrar nossa condição humana e nossa própria alma.

O ato de perceber arquétipos astrológicos e, dessa maneira, libertar-se da servidão da inconsciência é, em determinado nível, uma extraordinária façanha de rebelião humana contra a manipulação arquetipica; é, em essência, roubar o fogo dos deuses. Em nível mais elevado, esse roubo em si é arquetipicamente preordenado e esse arquétipo é Prometeu. A astrologia é o fogo de Prometeu.'

O mito de Prometeu tem sido associado por alguns astrólogos' ao signo de Aquário e, considerando-se o fato de que, no momento atual, encontramo-nos no limiar da Era de Aquário, não é decerto por acaso que o planeta Quíron tenha sido descoberto e que a resolução do destino de Quíron no mito esteja intimamente ligada a Prometeu. O padrão arquetípico do Curador Ferido foi constelado,' e, com efeito, Prometeu pode ser visto como um espirito-guia para nossa geração: representa o claro reconhecimento da necessidade de defender nossos valores humanos a qualquer custo, e uma advertência paralela para que concedamos aos deuses o que lhes é devido. Simboliza a luta da individualidade emergindo e libertandose do jugo representado pelas forças da opressão que não valorizam a vida humana, sejam elas políticas ou transpessoais. Joseph Campbell estabelece uma analogia entre o espírito xamânico do individualismo e o Titã Prometeu:

(Este espirito)... está, neste momento, surgindo livre dentro de nós - para a próxima Era. E os ministros de Zeus já podem tremer, pois os grilhões estão se desintegrando.

Para inserirmos essa empolgante previsão dentro do contexto do mito de Quíron e de Prometeu, devemos, a modo de conclusão, procurar saber o desenlace de cada um deles após ter ocorrido a troca. Prometeu foi libertado com a condição de que sempre usasse no dedo um anel e na cabeça uma coroa de folhas de salgueiro.

O anel pode ser interpretado como lembrete simbólico de seu atormentado período de cativeiro; como condição para sua libertação, parece significar a necessidade de humildade. Nenhum de nós pode estar livre caso venhamos a desafiar os deuses por muito tempo, a não ser que possamos assumir nossos próprios limites, dentre os quais se insere o respeito por eles. Enquanto não formos capazes ou não estivermos dispostos a dignificar os deuses e a considerar os justos limites para nossa própria individualidade, para a sociedade em que vivemos, para as relações que estabelecemos e a vida que assumimos, nunca estaremos livres e sempre estaremos respondendo a uma autoridade externa, quase sempre de modo negativo. A posição astronômica de Quíron entre Saturno e Urano fala dessas fronteiras, em que Saturno simboliza a forma e a tradição, as estruturas da sociedade e o impulso para conservá-las e mantêIas, enquanto Urano representa o desejo de destruir as estruturas e o status quo ou rebelar-se contra eles em nome da liberdade, do progresso e da individualidade. Neste contexto, Quíron simboliza uma autoridade interiorizada, que é socialmente responsável e ciente dos limites da mortalidade humana, apesar de também estar empenhada no crescimento individual.

A coroa de folhas de salgueiro é também significativa, por. quanto esta árvore geralmente está associada à velha morte e, em particular, a Hécate, que vivia numa ilha circundada por salgueiros. Prometeu, ao usar a coroa, representa portanto a aceitação da mortalidade. De modo semelhante, Quíron teve de renunciar á imortalidade; morre e é conduzido ao Mundo Subterrâneo, reino da morte, antes de ser imortalizado. Embora Hades seja, na mitologia grega, um deus masculino, a região dos mortos era, a princípio, território da grande MãeTerra em seu aspecto de morte. Por conseguinte, a renúncia e libertação de Prometeu e a morte e ressurreição de Quíron encerram o mesmo significado essencial. Tanto Zeus quanto Hades são meios-irmãos de Quíron: na interseção simbólica do império de Zeus no Olimpo e do reino de Hades no Inferno, os mitos de Quíron e Prometeu fecham o círculo. Prometeu readquire sua liberdade e Quíron encontra a tão procurada cura: nesta troca, ambos são libertados de seu eterno sofrimento.

Quíron nos signos, casas e aspectos


A posição de Quíron na casa pode nos mostrar onde fomos feridos ou machucados de algum modo e, através dessa experiência nos fazer obter um tipo de sensibilidade e de autoconhecimento que nos capacita a entender e ajudar melhor aos outros”. (Sasportas)

“O posicionamento de Quíron por casa enfoca a área em que podemos sentir dor e enfrentar dificuldades, bem como a esfera em que procuramos expressar nossa individualidade distinta. Podemos evitar nos “expor à luz” nesse campo de experiência, recolhendo-nos em nosso sofrimento, como fez Quíron com sua ferida incurável, ou podemos ingressar nessa esfera apenas quando submetidos a alguma pressão ou ao assumirmos um papel nobre, como Quíron em sua função de curador e mentor de heróis.
Podemos também considerar o posicionamento de Quíron por casa como TEMENOS - recinto sagrado onde o indivíduo pode descobrir o lado numinoso da vida.
Outra imagem, quando consideramos Quíron como Mestre Interno, sua casa e signo quase sempre descrevem importantes lições que devemos aprender durante a vida presente. Essas lições representam mais o objetivo interno de nossa jornada do que qualquer outra coisa externa e envolvem o Caminho do Meio, o que é apropriado para que possamos cumprir nosso dharma individual. Antes de o Caminho do Meio ser encontrado e reconhecido, Quíron tende a manifestar-se através de algum sofrimento, na forma de tudo-ou-nada; entretanto, com a maturidade e a renúncia, pode emergir um sentimento de integridade - quase sempre associado a certo sentido religioso ou em conexão com o dharma - dentro de algum contexto maior que nós mesmos - constituindo-se na dádiva de Quíron.

Além disso, os planetas que formam aspectos com Quíron, representam, nessa trama, forças internas e externas contra as quais devemos lutar, a fim de que não nos afastem do dharma”. (Melanie Reinhart)

A posição natal de Quíron revela uma área da vida em que fomos feridos em nosso senso de integridade. É uma região de extrema vulnerabilidade, a partir da qual desenvolvemos defesas equivocadas que nos impedem o confronto direto com nossa dor. Quíron traz em si a ferida e a cura, pois à medida que vivenciamos nosso sofrimento e desamparo, tornamo-nos mais inteiros e curados, porque mais sábios e mais humildes.
Os temas quironianos nos lembram a possibilidade de integrarmos pólos opostos.
O tema do curador ferido irá se posicionar em nosso mapa na dependência dos Signos, Casas e Aspectos envolvidos. Mas apesar das diferentes nuanças, a dinâmica é sempre a mesma: é da doença que nasce a cura, é da dor que nasce o alívio
”. (Júlio César Parreira Lima)

Descoberta



Quiron foi descoberto em 1977 por Charles Kowal no Observatório Monte Palomar (Califórnia-EUA). Era muito pequeno para ser chamado de planeta, mas muito grande para ser chamado de cometa; assim, foi categorizado entre os asteróides. [Leva entre 50 e 51 anos até concluir sua revolução em torno do Sol. Devido a sua órbita extremamente elíptica, o tempo que passa num signo varia muito. Por exemplo, encontra-se no signo de Libra durante um ano e meio, enquanto passa mais de oito anos no de Áries. Uns astrólogos relacionam-no com o signo de Virgem, enquanto outros o ligam ao signo de Sagitário.] Em relação ao mito (Quiron – o curandeiro ferido da mitologia grega), o simbolismo de “ferida” veio vincular-se a Quiron. De acordo com essa visão, onde Quiron está em um mapa astral é o lugar que requer cura. Por exemplo, uma conjunção Vênus-Quiron indica que os aspectos venusianos de uma pessoa (como sentimentos, sexualidade) precisam de cura. Outro elemento de simbolismo foi sugerido pelo fato de que a trajetória de Quiron se move dentro e fora da órbita de Saturno. Isso pode apresentar Quiron como uma ponte entre os sete planetas tradicionais (Sol, Lua, Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno) e os planetas transaturninos (Urano, Netuno e Plutão). Nessa perspectiva, esses três planetas representam fatores de esclarecimento e consciência transpessoal; os sete planetas tradicionais representam a personalidade; Quiron se torna um iniciador através do qual alguém aprende a usar energias relacionadas à consciência mais alta e à universalização.

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